a anatomia de um cinéfilo doido, surtado, psicótico.
domingo, 11 de maio de 2008
Tragam-Me a Cabeça de Alfredo Garcia (Bring Me the Head of Alfredo Garcia; Sam Peckinpah, 1974)
À época das filmagens de Tragam-me a Cabeça de Alfredo Garcia, todos já conheciam Peckinpah como um bêbado chato e irresponsável, que estourava orçamentos e prolongava o período de produção dos filmes. O estigma acabou fechando-lhe as portas dos grandes estúdios, fazendo com que partisse para o México e trabalhasse com uma equipe toda de chicanos. O resultado dessa aventura é uma das mais sinceras e amargas obras-primas de um dos grandes gênios do cinema, que transgride em sua visão temas como a cobiça, o tédio, o amor, o sonho, o remorso, a vingança e o senso de justiça de um homem que se reconhece sem direção.
Inegavelmente, uma miscelânea tipicamente peckinpahkiana, permeada com um clima de desolação opressivo através de uma jornada pessimista e recheada com alguns dos momentos de maior intensidade de sua filmografia. Poucas coisas são tão tocantes quanto ver o casal debaixo daquela árvore traçando planos para o futuro, na mesma intensidade em que outras poucas são tão cruéis quanto o rastro de morte que o protagonista, em atuação fora de série de Warren Oates [que praticamente jamais tira aquela porra de óculos escuros, e que eram do Peckinpah, aliás – metalinguagem das grandes], deixa pra fazer valer seu código de honra.
Sem tempo pra maiores comentários, mas é sensacional.
8 comentários:
É isso aí. O mais pessoal do Peckinpah.
Ele não fazia questão de agradar o público, muito menos a porra da crítica e acabou por realizar uma obra-prima.
Top 2 do "poeta da violência", e sem dúvida o mais lírico do diretor.
Ah... Warren Oates na veia!
Mais uma coisa: nunca vou me esquecer daquela cena em que ele caminha com o saco na mão.
Inesquecível, por vários fatores.
Warren Oates é dos maiores. E o filme é maravilha mesmo. Dos melhores do Peck. Tá entre os 3, certeza.
Aliás, dá pra notar uma influência gigantesca desse naquele filme - bem fodinha - do Lee Jones, o Três Enterros.
Não apenas pela imagem do cadáver sendo carregado ser imediatamente remetida à cabeça-no-saco.
Tem tudo a ver como Três enterros mesmo... eu já havia dito isso em algum lugar quando assisti.
Pra mim, é o melhor Peckinpah sem duvida alguma...
Ainda prefiro Wild Bunch - e talvez Straw Dogs, não sei, mas esses dois são pau a pau -, o que não tira o status de obra-prima fodidaça desse aqui.
Outra coisa...
Assisti ontem mesmo "Pat Garrett & Billy The Kid" e, depois de refletir bastante, não achei melhor que "Alfredo Garcia".
Mas essa é outra história, depois a gente conversa mais...
Vejo ainda esta semana e depois a gente conversa.
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