terça-feira, 8 de janeiro de 2008

O Ano Passado em Marienbad (Alain Resnais, 1961)

4/4
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e eu, na limítrofe cumística da minha ignorância, pensando que Resnais nunca pudesse superar a obra-prima que é Hiroshima Mon Amour. pois, em O Ano Passado em Marienbad, o cineasta francês não apenas excede estrondosamente suas qualidades na obra anterior, como também as potencializa de forma impecável, inserindo a temática já abordada (a memória) no campo onírico da mente humana (de onde, aliás, já é provinda), com um trabalho de câmera e montagem ainda mais genial, compondo centenas de planos orgásticos, movendo a câmera como um fantasma por entre os corredores longos e vazio do palácio e brincando com a percepção ocular e com a constituição da imagem.
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o resultado é um esplendor de obra de arte, um ponto de enorme destaque dentro da história do cinema, uma poesia audiovisual que, durante uma hora e meia, te transporta a um universo surreal e completamente alucinatório, realizando uma verdadeira experiência com o espaço e o tempo cinematográfico e, não apenas isso, mas, principalmente, com o espaço e tempo na mente humana. porque, afinal, os fatos recordados são mantidos na mesma caixa que faz brotar nossa imaginação, abrindo possibilidades para uma fusão às vezes incontrolável, inevitável.
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o mistério armado por Resnais é formidável, instigante e rende uma obra de arte absolutamente perfeita e indispensável.

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