quinta-feira, 20 de março de 2008

Farrapo Humano (Billy Wilder, 1945)

Alguns ousam dizer que Wilder não dava importância ao visual, que ficava centrado apenas no texto, etc. Bobagem. Farrapo Humano apresenta, no mínimo, uns cinco ou seis planos geniais (tanto em composição cenográfica quanto em movimentos de câmera). E, volto a dizer, funciona praticamente como um filme de horror, tamanha é a densidade dramática da situação do personagem principal e dos acontecimentos (é o retrato de um alcoólatra que se afunda gradativamente durante um fim de semana inteiro correndo atrás de bebida).
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Ademais, possui também aquele que provavelmente é o final feliz mais infeliz que eu já vi. Apenas com um movimento de câmera simples, panorâmico (uma subversão do plano inicial), Wilder apresenta para os espectadores a redenção do protagonista e atira seu problema para a sociedade, arremessa-o pela janela em direção à monstruosa cidade que emoldura sua vista, terminando, assim, por mostrar que sua condição é praticamente epidêmica. Uma conclusão impecável, principalmente se levada em conta a tenuidade do assunto abordado.

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