domingo, 16 de março de 2008

Ninho de Cobras (Joseph L. Mankievicz, 1970)

O que eu pensava ser um simples faroeste cômico acabou se revelando um filme de prisão dos mais inusitados. Embora se passe no período histórico clássico do gênero mais gostoso do cinema, pouco realmente tem dos elementos principais do estilo, sendo que estes poucos são completamente subvertidos de forma surtadona. Mas o filme é bem bom. Um texto ágil, inteligentíssimo e repleto de personagens curiosos (o homem que, de tanto tempo que está na prisão, vive dentro da própria fantasia que criou pra passar o tempo - "a chuva é boa para minha plantação", haha; a dupla que engana fiéis fingindo ser um pastor moralista e um surdo-mudo - a cena que revela a fraude é impagável; entre outros). A linha de diálogo inicial, junto da ação, é engraçadíssima também: "deus, nos abençoe pelo que vamos receber agora", e pá, os bandidos engatilham as armas invadindo a porta, hehe.
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Quem também está impagável no filme é Kirk Douglas, que, aliás, tem seu segundo melhor desfecho fatal em um filme, atrás apenas da morte do jornalista de A Montanha dos Sete Abutres, que é absolutamente fenomenal. E, se não acompanha o mesmo grau de qualidade, Henry Fonda ao menos não deixa apagar seu personagem, mesmo sendo bem secundário e importante apenas para o terceiro ato da estória.
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Mas o mais legal de tudo é que a tradução tupiniquin criou uma metáfora digna de Paul Thomas Anderson.

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