domingo, 30 de março de 2008

Jovens, Loucos e Rebeldes (Richard Linklater, 1993)

Curioso como o Linklater consegue, mesmo retratando uma única noite de um grupo de colegiais sem qualquer pretensão que não seja a diversão, construir uma peça de três atos muito mais coerente do que grande parte dos filmes já feitos – sem precisar de qualquer esforço pra isso. Aliás, o que realmente faz Jovens, Loucos e Rebeldes ser tão delicioso quanto é, sem dúvida, é a naturalidade com a qual o diretor desenvolve sua ampla e nostálgica visão da adolescência, transportando seus personagens, atemporais, para o período histórico em que quase todo o jovem gostaria de ter vivido: os anos 70.

Neste modelo mais ou menos clássico de cinema teen, Linklater transforma sua visão da loucura estudantil em uma espécie de primo-bêbado de uma das mais famosas obras do cinema norte-americano (que eu já acho bem mais ou menos, puxando mais para o menos, inclusive - mas ainda assim, gosto), Loucuras de Verão, de George Lucas. A diferença entre os dois é mínima, mas determinante para a sentença do tom de ambos os filmes: enquanto o longa feito na década de 1970 evocava os anos 50, época da “inocência” do American Way of Life, Linklater atira sua visão sobre os anos 70, período da lisergia, da liberdade de expressão e de pensamento – mais interessante do que qualquer outra.

Embora dê menor atenção à mais fundamental das partes da santíssima trindade “sexo, drogas e rock n’ roll” (é claro que eu falo do sexo, né), não faltam elementos para fundamentar a existência das outras duas: gente bebendo e fumando até a noite acabar, curtindo muita música e correndo pelas ruas da cidade sem destino, sem preocupações – a não ser os calouros, que pretendem fugir dos veteranos para escapar das palmadas na bunda, hehe. E tudo parece ter sido pensado com o coração, já que o grande alicerce da estória (que é inexistente, na realidade, mas enfim.) é mesmo o calouro despojado, que se enturma com maior facilidade, mas ainda não conhece as coisas como elas realmente são – e esta sensação de descoberta é transmitida plenamente.

Uma sensação que, aos poucos, vai se tornando automaticamente nostálgica, tanto por sabermos que tudo tem um fim, em se tratando da noite e de uma obra cinematográfica, quanto pela saudade que sentimos de um período que sequer experimentamos – mas que já faz uma falta danada, mesmo assim. Jovens, Loucos e Rebeldes engrossa a lista daqueles filmes que ultrapassam a linha da tevê, te agarram pelo braço e te carregam, sem que você tenha quaisquer possibilidades (e desejo) de se esquivar - para junto daquele porta-malas maravilhoso transformado em reservatório de gelo e cerveja, logo ao lado de uma gostosa de shortinho jeans que dança ao som da música emitida ao máximo de volume possível – e que, por nada não, é Bob Dylan.

4 comentários:

Anônimo disse...

isso aí, broda, puta filme foda do caralho!

curiosidade inútil: sabe quem é essa loira passando pelos rapazes nessa foto que você postou?

Daniel Dalpizzolo disse...

sei não, brô. quem é?

Anônimo disse...

Renée Zellwegger.

Sorte que esse foi o máximo que ela apareceu, haha.

Daniel Dalpizzolo disse...

melhor atuação dela ever, desde já.